Mudar e se Encontrar

 

              Há um tempo afirmava com toda certeza que jamais ia querer seguir a profissão da minha mãe, a de pedagoga. Para mim, trabalhar com crianças era sinônimo de muito esforço e pouco reconhecimento. Acreditava que elas exigiam muita disposição, paciência e requeriam muitos cuidados, e ainda acredito. Porém nessa época ainda não tinha buscado compreender o “outro lado da moeda”. Fiz minha graduação em Jornalismo, trabalhei dois anos na área e, devido à má fase em que o nosso país se encontrava, acabei por conseguir trabalho apenas em outras áreas e fui me afastando da Comunicação. Mesmo insistindo em várias entrevistas e buscas por emprego por gostar da profissão, o destino foi me puxando para outra direção e eu ainda não havia entendido.

          Um dia desses fui pega “de surpresa” ao me deparar e encantar-me por uma criança, e essa era muito especial, não por ser cadeirante, mas por possuir um sorriso sincero e apresentar uma força incrível.  Nesse mesmo dia tive um insight, senti uma vontade muito grande de conviver com essa garotinha e de estar em um ambiente escolar para ter a oportunidade de auxiliá-la, já que tinha conhecimento que existiam professoras nesta função.

            No decorrer dos dias comecei a compreender que havia chegado àquela fase de nossas vidas em que, consciente ou inconscientemente, damos uma pausa para autoavaliação. Diante dos meus autoquestionamentos comecei a procurar respostas para o verdadeiro sentido de fazermos as coisas que fazemos, as direções em que buscamos caminhar, a rotina que seguimos, a tão famosa falta de tempo para realizarmos coisas que realmente nos dão prazer, e tantas outras coisas. Por que insistimos tanto em complicar o que é simples? Momentos de reflexão por vezes são necessários e, contudo, nos levam ao autoconhecimento.

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          Com o apoio da minha família e do meu namorado, comecei a busca pela Pedagogia e foi como se uma porta fosse abrindo outras. Assim que me matriculei no curso, consegui um estágio exatamente na escola que passei parte da minha infância e que fiz os amigos que trago até hoje, um presente e tanto. E, nessa mesma escola, me foi designado um mimo bem maior, o de acompanhar outra garotinha muito especial, que por sinal tem a personalidade idêntica a minha.

       Passado um ano de toda essa mudança, mesmo com as dificuldades, sinto uma felicidade imensa em estar diariamente aprendendo coisas novas, em ter me encontrado, em ter descoberto o meu real propósito e reconhecido meus dons e talentos. O sentimento é de ter me aproximado da minha essência. Não existe recompensa maior do que receber um abraço, um sorriso, um “até amanhã tia Yasmin” e neste início de ano “eu senti sua falta tia” e ouvir também do meu sogro “você leva jeito com criança mesmo”.

         É muito bom poder ter mudado a visão e a opinião sobre as crianças. Hoje para mim, significam sinceridade, liberdade, ousadia, acolhimento, generosidade, fonte de inspiração e de muito amor. Temos muito a aprender com elas que esquecem os problemas facilmente, mudam de opinião e não se incomodam, buscam respostas e não se utilizam da dúvida, dividem tudo o que tem, se divertem com coisas simples, fantasiam, pulam na lama e não se importam com a sujeira, com o tempo. Enfim, acreditam que tudo é possível e sorriem e fazem sorrirmos.

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          Estendi todos esses sentimentos também aos meus primos e aos cinco sobrinhos que ganhei. Acompanhar o desenvolvimento e as descobertas deles é a melhor coisa desta vida. É brilho nos olhos e um coração que se enche de paz,todos os dias.

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